50 anos da revolta do Stonewall - um marco para a luta de (re)existência LGBTQ

Cultura Crowd 28 de Jun de 2019

Poderia ser 2019, mas foi em 1969 quando um grupo de lésbicas, gays, bissexuais, trans, drag queens e outros corpos marginalizados pela sociedade, decidiram dar um basta na corriqueira repressão policial que ocorria no bar Stonewall Inn, em Nova York. Na época, ser LGBT era proibido em todos os estados estadunidenses, além de constar como doença na lista da OMS (Organização Mundial da Saúde).

Na madrugada do dia 28 de junho, cansados da repressão, frequentadores do bar jogaram copos na polícia e se recusaram a ser presos. Nos dias que seguiram, novos focos de revolta aconteceram em torno do bar, até tudo ser contido pelos policiais. Mas nunca mais seria como antes: não se sabe se é a primeira revolta de LGBTs, mas Stonewall foi uma das mais marcantes da história.

O episódio é considerado o pontapé inicial do movimento LGBTQ contemporâneo. A partir de 1970 foram organizadas as primeiras marchas em celebração ao aniversário dos protestos de Stonewall. Daí em diante o movimento se expandiu para além dos arredores de Stonewall Inn, quando manifestações semelhantes passaram a acontecer também em outras cidades dos EUA e até mesmo outros países.

A primeira noite das rebeliões em Stonewall Inn

A importância trans na luta LGBTQ

A primeira vez que ouvi falar dela foi em 2017, ano em que a Netflix lançou um documentário narrando a sua vida e morte. Muitos também nunca ouviram falar dela antes desta obra. Quando surgiu a oportunidade de escrever sobre o dia 28 eu não poderia deixar de falar o seu nome: Marsha P. Johnson.

Marsha estava na linha de frente da revolta do Stonewall ao lado de outras travestis e drag queens. Nascida em Malcolm Michaels no ano de 1945, Marsha foi uma mulher trans negra que se tornou símbolo pela luta de direitos LGBTs.

Marsha P. Johnson durante protestos de Nova York na década de 70

Junto com Sylvia Rivera, Marsha criou o Street Transvestites Action Revolutionaries (S.T.A.R.), grupo que abrigava pessoas LGBTs com necessidades de subsistência, embora o grupo também ajudasse com roupas e comida pessoas em situação de rua.

Na década de 1980 Marsha continuou seu ativismo de rua coordenando o o ACT UP – AIDS Coalition to Unleash Power, grupo que lutava para melhorar a vida das pessoas com AIDS através de ações diretas na luta por direitos e para chamar atenção da pandemia do HIV.

A sua luta, no entanto, foi interrompida em 1992, mas o seu legado jamais será apagado.

A luta continua

Tão urgente quanto dar visibilidade a pessoas, grupos e iniciativas que defendem os direitos de pessoas LGBTs, é empenhar energia e recursos que resultem em alguma forma de apoio à causa: seja resgatando a história, pautando os dias atuais ou construindo o futuro.

Listamos aqui uma amostra de quem tem levado essa bandeira à luta, e encontram no financiamento coletivo um aliado:

Instituto LGBT: uma organização sem fins lucrativos, que produz eventos e com espaços de convivência de acesso gratuito para todas as pessoas. Os apoios recebidos ajudam a manter o espaço em funcionamento para realizar atividades com leitura, poesia, dança, produção cultural e acadêmica, rodas de conversas e carinho para todos que estiverem precisando – que possam encontrar nos nos espaços liberdade de expressão e poder criativo inesgotável!

A Parada Livre de Porto Alegre se organiza de forma autônoma e independente, com a participação do movimento social, estudantil e cultural. A caminhada de 23 anos da Parada Livre a fez ser reconhecida como a principal atividade de visibilidade LGBT+ da cidade, sendo um espaço privilegiado de luta e celebração da população LGBT. Durante todos esses anos a Parada Livre de Porto Alegre foi as ruas colocando em pauta o enfrentamento a violência contra lésbicas, gays, bissexuais, pessoas trans e travestis.

The Library is Open – Podcast sobre RuPaul’s Drag Race, cultura, entretenimento, política e cidadania LGBTQ+.

O projeto Fierce! foi idealizado com o intuito de empoderar e incentivar tanto o público feminino quanto LGBTQ+ dentro da tecnologia, games e eSports. Realizam o incentivo e o empoderamento por meio de stories/postagens e mensagens diretas ao público que o acompanha.

Nimbus é uma pessoa trans não-binária, autora da página Uma Nuvem Que Tenta. Seu objetivo é publicar um livro ilustrado para crianças e adultos, mostrando a diversidade que existe no ser humano, em todos os quesitos, ensinando, por consequência, o respeito às diferenças.

Casa das Negas é um espaço de cultura, valorização e apoio das mulheres, negros e LGBT+ da periferia de Fortaleza, que visa proporcionar formação e conscientização sobre os direitos humanos, sobretudo no que se refere aos direitos raciais e de gênero, buscando formular mecanismos de combate ao racismo, a misoginia e a LGBTfobia.

O Transenem POA é um coletivo de educação popular, composto inteiramente por voluntárias/os/es e sem fins lucrativos, que surgiu no final de 2015 na cidade de Porto Alegre/RS para promover um espaço acolhedor, inclusivo, livre de discriminações e preparado para receber pessoas trans. O objetivo é ajudá-las, de forma gratuita, a se preparar para provas de admissão em cursos de nível superior, como o ENEM e vestibulares, bem como concluir o ensino fundamental e médio. O projeto visa também ao empoderamento pessoal, através da troca de experiências e conteúdo relacionado à área dos Direitos Humanos, Saúde e Cidadania.

Debora Baldin começou a produzir conteúdo para a internet há pouco mais de cinco anos sobre diversidade, direitos humanos, cultura e política. Sua ideia era e é muito simples: mais do que teorizar, quer ajudar a construir o mundo que ainda quer ver.

A Tecnogueto é uma iniciativa social que visa mudar e socializar o cenário atual, ensinando profissões dentro da tecnologia, promovendo diversidade cultural, diversidade de gênero, de raça/etnia e formando excelentes profissionais. Prepar alunos para atuação imediata no mercado de trabalho, fornece mentoria de carreira, ajuda socioemocional, indicação de vagas em empresas e oportunidades de participações em projetos reais.

O Projeto de Educação Comunitária Integrar surgiu em 2011, fruto do trabalho voluntário de um grupo de professores que atua na Grande Florianópolis. O propósito do projeto é a transformação da realidade social de jovens, adultos, estudantes do ensino público, trabalhadoras e trabalhadores, da população negra, dos indígenas e indivíduos LGBTQ através da educação cidadã e do acesso ao ensino superior.


Nos do APOIA.se celebramos a pluralidade e a diversidade e reforçamos nosso apoio a essas e outras organizações que existem e resistem por um horizonte de visibilidade, respeito e direitos!

Texto: Aline Silveira (revisão e adaptação de Sheila e Ilana)
Imagem de capa do Post: Parada Livre de São Paulo / Mídia Ninja

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