A história da "Parada Livre Porto Alegre 2018"

LGBT+ 14 de Nov de 2018

Parecia ser mais uma tarde de (muito) trabalho como outra qualquer aqui no APOIA.se quando, no início de novembro, recebemos uma ligação de um dos organizadores da Parada Livre de Porto Alegre:

"Faltam menos de três semanas pro evento acontecer, a produtora que cuidaria de toda captação de recursos acabou de cancelar com a gente. Estamos no zero. Vocês podem nos ajudar com essa?"

Frio na barriga. Chama um, reúne com outra, conversa, negocia, pensa, pensa... a decisão precisava ser rápida e certeira.

Ligamos de volta: "Alô? Então, vamos juntos nessa com vocês. O plano é o seguinte..."

Daí em diante vieram dias um bocado mais intensos do que nossa equipe já vive normalmente. Em 24 horas criamos e botamos no ar a campanha da Parada Livre Porto Alegre 2018.

Além das rotinas já programadas, formamos grupos de trabalho, dividimos tarefas entre nossos times e entre o próprio grupo que organiza a Parada Livre. Fazemos contato diariamente, várias vezes.

Celebramos juntxs cada avanço da campanha e trabalhamos juntxs a cada novo desafio.

Esta campanha é para nós, enquanto plataforma, um marco.

É um primeiro passo na introdução de uma nova modalidade de apoio que combina o senso de urgência das campanhas de crowdfunding tudo-ou-nada (modalidade inventada pela plataforma estadounidense kickstarter) com a busca da sustentabilidade de longo prazo (que já fazia parte do modelo de crowdfunding contínuo, praticado até então pelo APOIA.se).

Chamamos esse modelo híbrido entre o tudo-ou-nada e a recorrência de "apoio combinado", no qual a proposta é proporcionar que apoiadores(as) possam fazer uma contribuição maior no primeiro apoio, ao mesmo passo que já definem um valor de apoio menor, que caiba no bolso, para seguir apoiando mensalmente o trabalho dos grupos por trás da iniciativa.

É importante pontuar que por trás da Parada existe um grande número de pessoas que por meio de coletivos e associações promove um trabalho de ativismo e organização/produção que se estende para o ano inteiro.

Parada Livre 1998

Um pouco da história

A Parada Livre de Porto Alegre começou em 1997, como uma iniciativa do grupo pela livre expressão sexual Nuances.

Na primeira parada aproximadamente 150 pessoas foram até o Bric da Redenção, em um dia de bastante frio, manifestar-se com bandeiras, faixas e apitos, dizendo que não aceitavam mais as várias formas de discriminação que recebiam.

No ano seguinte a Parada reuniu mais de 2 mil pessoas, e desde então ano a ano o evento vem crescendo em participação de público, em estrutura e em programação.

Segundo o próprio grupo organizador:

"A Parada rompeu com a ideia de que gays, lésbicas, travestis, transexuais, bissexuais, mulheres e homens trans deveriam permanecer no armário. A revolta de Stonewall em 1969, mostrou que a rua era o lugar de luta, e o Nuances partiu para convocar as pessoas a irem para rua, romper com a clandestinidade e lutar por direitos."

O nome Parada Livre foi proposto exatamente para que todas as pessoas que acreditam no respeito e liberdade se juntassem aos LGBT+.

Além de um espaço de luta, a Parada é uma grande e lindíssima celebração da diversidade. Elementos nos quais nós do APOIA.se temos motivação em buscar e orgulho em promover.

O desafio é agora!

Crédito: Parada Livre

Em 2018 a Parada chega em sua 22a edição, que acontecerá no dia 18 de novembro, no Parque da Redenção.

Segundo o GGB (Grupo Gay da Bahia, 2017), somado ao delicado momento sociopolítico brasileiro está o alarmante dado de que no Brasil a cada 19 horas uma pessoa LGBT é assassinada.

Por trás de cada número está uma família, uma história de vida, uma carreira profissional, sonhos e planos - interrompidos pela discriminação e violência. Para nós é inaceitável ficar imóvel diante deste contexto.

Ações que promovem a visibilidade e a ocupação do espaço público por pessoas que tem na sexualidade e no gênero um lugar de marginalização e violência tem valor e poder simbólico.

Em 2017 a Parada Livre de Porto Alegre reuniu aproximadamente 80 mil pessoas, em uma festa que durou uma tarde inteira.

Há espaço para sapatas, sapatilhas, travestis, bichas, bofes, viados, homossexuais, transformistas, bissexuais, garotos de programa, homens e mulheres trans, ursos, assexuados, heterossexuais, crianças, negros, prostitutas, trabalhadores e trabalhadoras, indígenas, velhos e velhas, pessoas com deficiência e pessoas "comuns".

Todas e todos podem expressar-se livremente, brincar e brilhar, tomando para si os espaços aos quais têm direito de circular, desfrutar em segurança e com apoio da sociedade da qual fazem parte.

E daqui pra frente?

Nos tornamos aptos, enquanto plataforma, para atender necessidades específicas que são diferentes do que vínhamos trabalhando até aqui.

Nos últimos dias realizamos modificações no sistema, em um curtíssimo espaço de tempo, com direito a noite virada antes do lançamento da campanha e muita correria depois.

Durante esse curto período ideias que até então eram abstratas começaram a ser colocadas em prática, o que se mostrou um considerável desafio.

Estamos a poucos dias do evento, direcionando o foco da nossa energia para garantir a realização da Parada Livre mais autônoma de todas que Porto Alegre já teve.

Trabalhamos para que a campanha receba apoios da comunidade em geral e para que seja amplamente divulgada. Pra conhecer o evento, acesse aqui página da campanha!

Temos aprendido muito durante esse processo todo, e pequenos deslizes que aconteceram durante essa implementação feita às pressas foram sendo corrigidos um a um, com generosas quantidades de dedicação e de carinho. Tudo isso a várias mãos.

Ninguém solta a mão de ninguém, como tem se dito por aí - e desde então temos vivido isso na prática.

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